Viagem ao Fin del Mundo – com muita emoção

Já ouviu falar do Fim do Mundo? Nas lendas urbanas e na imaginação de muita gente, pode até ser um lugar temido e feio, mas em Ushuaia – conhecida como a cidade do fim do mundo – La Tierra del Fuego – a realidade é bem diferente: bonita, aconchegante e gelada. Visitamos  a cidade mais austral do mundo e a mais próxima da península antártica em setembro de 2016 e foi inesquecível, do começo ao fim. Vem ver!


E foi para lá que voamos eu, meu marido, minha irmã e minha mama, para comemorar o aniversário dela atrasado e o meu de 40 anos também.

Para chegar no Fim do Mundo, o vôo desembarcava em Buenos Aires, para conexão no Aeroparque, o aeroporto “local”da cidade, que seria  parecido com o Congonhas para os paulistanos, o Santos Dumont para os Cariocas, mas que recebe alguns vôos internacionais.

Saímos  02 da manhã e o vôo foi relativamente tranquilo, até que, no momento em que o avião começou a descer, percebemos que não conseguíamos ver a cidade….muitas nuvens , chuva e vento. Um cenário um tanto sinistro. Tenho pavor de turbulência, e ela começou a dar o ar da graça quase no momento do pouso. O vento era tão forte, que o avião chacoalhava, o piloto não conseguia controla-lo muito bem, tentou pousar e não conseguiu. No momento em que arremeteu, perdeu sustentação e, aí, já estávamos todos em pânico, com alguns gritando, outros chorando e eu encolhida no banco, de mãos dadas com o Luiz e minha mãe ( minha irmã no banco ao lado) rezando. Ele tentou pousar duas vezes. Ventava muito, chovia muito ( o aeroporto fica ao lado do rio da Prata, o que faz ventar maaais ainda!) . Depois de muito desespero,  o piloto conseguiu controlar o avião, subiu e seguimos para o aeroporto principal de Buenos Aires, o Ezeiza, que seria como o aeroporto de Guarulhos de São Paulo. Ficamos taxiando o local até que recebemos permissão para descer, e a descida também não foi muito tranquila. E pasmem, o comandante só se pronunciou muito tempo depois desse pânico todo. Nunca passamos por isso em todos esses anos de vida. Que TERROR.

Cada um reagiu de um jeito a esse evento tenebroso. Eu, fiquei em estado de choque. Não conseguia falar, só chorava, passei mal. Tive tudo. Meu corpo tremia inteiro, dos pés a cabeça, como se estivesse com uma febre de 40 graus. O Luiz não parava de falar. Minha mãe rezava, falava e minha irmã pegou o saquinho pra enjôo.

Passamos horas no aeroporto, fomos realocados para um vôo para Ushuaia via El Calafate ( fotos a seguir!) saindo deste aeroporto ( não daquele que tentamos descer, amém!). Quatro horas depois, tive que entrar de novo num avião. E voar mais 3,5 horas. Já sabia que o stress iria fazer um estrago. Percebi que se não controlasse minha emoção ali, eu iria piorar o meu estado e de quem estava comigo. Aguentei firme. Mas fiquei mal o dia inteiro. E tive que aumentar a dosagem da insulina, porque a descarga de adrenalina talvez tenha sido uma das piores que já tive em minha vida. Espero que nunca mais precise passar por algo parecido.

GLICEMIAS? BEM…

Nessa época eu usava a bomba da Roche. Não tinha sensor. Lembro bem que fui direto para o banheiro, virei do avesso. E a hiperglicemia imperou por todo o resto do dia, mesmo instintivamente aumentando as doses de insulina para qualquer comida e colocando um basal de 150%. Em tempo: para quem não sabe sobre o assunto: quando usamos bomba de insulina, podemos programar por um tempo nossa bomba para que aplique a mais ou a menos a insulina basal, de acordo com o que está programado. E esse foi literalmente o Dia D.

Como reagir a momentos assim? Como se manter calmo?

Não é fácil, talvez seja quase impossível. Lidar com o medo, o pânico , inesperado, nunca é agradável. Mas temos que tentar, Por nós, pelo Diabetes, pelos outros. Tudo que está ao nosso redor. Como eu sabia que a glicemia ia subir ( 2 hrs depois de sair daquele avião eu estava com 280), fui fazendo ponta de dedo a cada 2hrs. Não consegui comer quase nada até o fim da tarde, não sentia fome. E ainda assim, a glicemia ficou bem teimosa.

Nesses momentos, o melhor que podemos fazer é tentar manter o controle emocional, pelo menos TENTAR ficar mais calmos, fazer o que manda a regra – ponta de dedo, alimentação, repouso se possível ( juro, cochilei no chão do aeroporto) e se for necessário, entrar em contato com o nosso médico. Mas, com wi-fi instável, ficou difícil. Mas segui o que acho que a Dra Sonia me pediria para fazer: monitorar, hidratar, tentar me acalmar, dar um tempo para a poeira baixar.

Depois de horas sem conseguir comer, o lanchinho com alfajor !

Depois de horas sem conseguir comer, o lanchinho com alfajor !

Até o momento em que o segundo voo decolou, eu estava estranha, meio descompensada. Quando vi que não passaria por aquele terror de novo, consegui descansar, cochilei, comi, e a glicemia estabilizou. Ganhei até um alfajor da comissária no segundo vôo, que está separado para um momento especial por aqui! Aí recebemos esse presente que quero compartilhar com vocês!

Inóspita, e linda! Essa é a região de Ushuaia, cidade mais Austral do mundo!

Inóspita, e linda! Essa é a região de Ushuaia, cidade mais Austral do mundo!

Valeu a pena tentar me tranquilizar. Depois da tormenta, o desvio de rota nos fez conhecer , mesmo que de longe, uma geleira muito famosa, o Perito Moreno, que pode ser visto pela janela do avisão sobrevoando a chegada à cidade de El Calafate. E o novo comandante fez questão de sobrevoar essa região para nos “presentear”com essa vista.

 

Ao fundo, aquela mancha branca enorme é o Perito Moreno

 

No dia seguinte, pela manhã, mesmo indo dormir com uma glicemia de 150, acordei com ela um pouco alta, 273. Os hormônios do stress, com certeza, agiram durante o meu sono e me fizeram acordar meio cansada. Como agir? Me alimentei, hidratei, e ao longo do dia, já com as emoções devidamente em seu lugar, caminhando muito no Parque del Fin del Mundo, com frio, dando risadas e esquecendo o que passamos, a glicemia enfim voltou ao normal.

Alugamos um Airbnb muito legal, e ainda recebemos um upgrade dos donos por estar com minha mãe ( o primeiro ape não era nada legal), e isso sempre é uma boa opção quando se quer fazer uma viagem para fora com algum planejamento passeios /  jantares / economia. Dessa forma é possível alternar jantares em casa com lugares mais legais. Vale muito a pena!

E Viajar com diabetes é assim….emoções nos abalam, para o lado positivo e o negativo, e temos que aprender a controla-las, principalmente quando estamos em um grupo disposto a aproveitar cada minuto. E com 10 dias contados, não podemos nos dar ao luxo de ficar de repouso um dia sequer. Então o ideal é aproveitar pra descansar a noite, e estar disposto para fazer os passeios nos próximos dias.

 

O carimbo que comprova: eu conheci o Fim do Mundo!

O carimbo que comprova: eu conheci o Fim do Mundo!

 


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