Muita gente que já sobreviveu à própria adolescência esquece o quanto o período pode ser difícil. Essa parte da vida, quando o indivíduo já deixou de ser criança mas ainda não conquistou a liberdade e o respeito que tanto procura, tudo isso combinado com uma enxurrada de hormônios e relações complicadas na escola. Passar por tudo isso, combinado com um diagnóstico de diabetes, então… chega a ser demais.
Mas a boa notícia é que foi descoberta uma forma de ajudar. Pesquisadores da UT Southwestern Medical Center comprovaram que introduzir a rotina de cuidados com um animal de estimação é útil no tratamento de adolescentes diabéticos. Como? Vamos explicar.
Muitos dos problemas de rebeldia na temida faixa etária, que é a adolescência, vêm de questões emocionais relacionados à falta de estrutura e confiança. Os adolescentes querem ser vistos como adultos, mas não têm nada que dependa deles para funcionar.
A ideia por trás do estudo é que o estabelecimento de uma rotina de cuidados com um animal de estimação demonstra para o adolescente que isso é algo normal, que deve estar incluso na sua rotina também. Isso, teoricamente, provocaria uma sensação de responsabilidade com relação a um ser vivo, que estrutura a responsabilidade do cuidado próprio.
Sendo assim, os cientistas conduziram os testes usando peixinhos beta, aqueles coloridos que vivem em um pequeno aquário. Eles acompanharam o cuidado com os peixes e a gestão do diabetes tipo 1 de 28 adolescentes, entre 10 a 17 anos de idade. O grupo recebeu instruções para associar — diariamente e semanalmente — as tarefas de cuidado com os peixes aos hábitos de controle do diabetes, como o teste de glicemia e a comunicação familiar.
O adolescente tinha que alimentar o animal de manhã e à tarde; toda vez que desse comida, deveria, também, medir a própria glicemia. Uma vez por semana, era hora de trocar a água do aquário e de acompanhar, com um profissional da saúde, os resultados das medições.
Após três meses de acompanhamento, o grupo teve uma redução significativa nos níveis de glicemia, comparado ao grupo de controle. Além disso, houve uma redução de 0,5% nas taxas de hemoglobina glicada. Isso comprova que responsabilizar o adolescente pelo cuidado do animal de estimação o ajuda a desenvolver uma disciplina de cuidados com si próprio.
Os benefícios à saúde foram vistos principalmente em adolescentes mais novos. De acordo com os pesquisadores, os mais jovens desejam ganhar independência em relação aos pais, e cuidar do peixinho é visto como um sinal de maior responsabilidade.
Ou seja, a estratégia realmente funciona e é, sem dúvida, algo que vale a pena tentar.
Por fim, independentemente de qualquer coisa, tenha paciência com seu filho durante a adolescência. Ele não é rebelde sem causa. A causa é comprovada cientificamente, por isso, dar atenção e escutar seus problemas pode ser uma grande ajuda.
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